Tim Burton lançou este ano sua versão de ‘Alice no País das Maravilhas’ com a estreante Mia Wasikowska no papel-título e seu parceiro de anos e filmes, Johnny Depp. Sua passagem nos cinemas não rendeu boas críticas (talvez pela maioria ter em mente a versão da Disney de 1951), no entanto, penso que Burton soube conduzir o filme à sua maneira, usou e abusou de efeitos visuais e deixou garotas, como eu, suspirando pelos figurinos de Alice. No ano passado, Nick Willing também ousou ao produzir uma versão nos dias de hoje com a minissérie ‘Alice’ com apenas dois episódios para o canal por assinatura Syfy. Além da obra famosa, a outra história de Lewis Carroll ‘Alice através do espelho’ serviu de inspiração para esta produção que mistura ficção científica, romance e um tom leve de suspense. O inglês parece ser fã da obra de Lewis Carroll, pois esta é a segunda vez que faz uma releitura. A primeira foi um filme feito para TV em 1999 - e passou no SBT este ano.
Os elementos famosos das histórias estão presentes: Alice com seu vestido azul, o coelho branco apressado, Tweedledum and Tweedledee, o Chapeleiro Maluco e a Rainha de Copas com a sua célebre frase: “Cortem-lhe a cabeça!”. Porém, a Alice de Willing é morena, com seus 20 e poucos anos, instrutora de judô e com um namorado. Alguns personagens ganham vida como humanos, podendo causar risadas, como no caso do coelho branco ser um homem de meia-idade e com penteado de maria-chiquinha para trás com os longos cabelos brancos
A Alice de Nick Willing interpretada pela canadense Caterina Scorsone
Caterina Scorsone assume bem esta “nova” Alice. Ao ir atrás de Jack (Philip Winchester), seu namorado seqüestrado, a moça cai em um mundo estranho, um tanto sombrio em que as construções parecem inacabadas. Para os seres deste lugar a estrangeira é uma ostra – ser humano que veio do mundo real e que possui uma luz dentro de si. Logo, fica sabendo que a Rainha de Copas (Kathy Bates – sempre ótima) utiliza as emoções boas das ostras para satisfazer os habitantes que não resistiram ao seu poder, um meio que tem para agradar e manter seu governo. Com isso, Alice assume mais uma missão: além do resgate do namorado, ainda precisa salvar o País das Maravilhas das mãos da Rainha de Copas.
O trabalho de Willing não decepciona nas alterações que faz, pois consegue prender o espectador em cada detalhe da narrativa com o clima de ação à trama. O clima de romance que ronda Alice também não vai desapontar ao mais fiel fã de suas histórias. A minissérie ainda tem nas cores azul e vermelho – ressaltadas em diversas partes dos episódios, lembrando do mesmo efeito em ‘Sin City’ e ‘O sexto sentido’ - artifícios de embelezar a trama quando é predominante o tom sóbrio.